Sagui-dos-kulinas é o novo primata da Amazônia
Detentora da maior diversidade de primatas do mundo, a Amazônia continua sendo um celeiro de novas descobertas. Extensa revisão taxonômica dos saguis-de-bigode (Saguinus mystax), publicada neste mês na revista PeerJ, apontou a existência de uma nova espécie. Batizado de sagui-dos-kulinas (Saguinus kulina), o primata recém-descoberto vive na margem direita do rio Juruá até a margem esquerda do rio Tefé, na porção ocidental da floresta.
A última revisão taxonômica dos saguis-de-bigode, realizada há mais de 40 anos, dividia-os em três subespécies: S. mystax mystax, S. mystax pileatus e S. mystax pluto. Após estudar a área de distribuição, as características físicas e genéticas dos animais, os pesquisadores notaram uma nova espécie entre os saguis do interflúvio Tefé-Juruá, até então classificados como S. mystax mystax.
Imagem: Acervo/Gerson Lopes
“As três subespécies de Saguinus mystax eram diferentes fenotipicamente (no físico) e separadas por rios da Amazônia ocidental. A subespécie S. mystax mystax tem uma grande distribuição, assim começamos a especular que os espécimes da margem direita do rio Juruá poderiam ser uma espécie nova, já que era separada do restante da população de S. mystax mystax pelo próprio rio, que é extenso”, explicou o biólogo e doutorando da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), Gerson Lopes.
O pesquisador conta que batizaram o novo primata como sagui-dos-kulinas em homenagem ao povo Kulina, da Terra Indígena Kumaru, que tem o maior território dentro da área de distribuição da espécie. Endêmico da Amazônia brasileira, o animal não ocorre em nenhum outro lugar do mundo.
O sagui-dos-kulinas se diferencia fisicamente de seus congêneres pelas pontas dos pelos marrons, enquanto as dos outros são alaranjadas, e pelo manto amarelo. A espécie, que vive em áreas de terra firme, pesa em média 550 gramas e se alimenta de frutos e insetos.
Primatas amazônicos
A Amazônia conta com cerca de 20% da biodiversidade mundial de primatas, com centenas de espécies descritas. Entre as últimas descobertas estão o uakari-dos-Kanamaris (Cacajao Amuna) e o sagui-de-schneider (Mico schneideri). O primeiro vive nas proximidades do rio Tarauacá, que banha os estados do Acre e Amazonas. O segundo é encontrado na região mais desmatada da Amazônia, entre o norte do Mato Grosso e sul do Pará, conhecida como o arco do desmatamento. Ambos estão ameaçados de extinção.
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