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Ano de 2021 foi o mais seco no Pantanal em três décadas

Ano de 2021 foi o mais seco no Pantanal em três décadas
Pantanal na época seca

A maior planície úmida do planeta está mais seca e mais suscetível ao fogo. Análise do MapBiomas, feita a partir de imagens de satélite, mostra que 2021 foi o ano mais seco no Pantanal em 37 anos. No ano passado, a área úmida no bioma chegou a 1,6 milhões de hectares, 76% a menos que os 6,7 milhões de hectares registrados em 1985.

À medida que a retração das águas deixa maiores extensões de terra expostas, a agropecuária cresce no Pantanal. Em 2021, a área utilizada pela atividade chegou a 2,8 milhões de hectares (Mha). Em 1985, a área ocupada era de 600 mil hectares. O avanço da agropecuária tem deixado um legado de degradação de solo, mais acentuado na porção oriental do bioma, indicou o levantamento.

Perda de água

Como a superfície de água oscila sazonalmente no bioma, a análise considerou a variação entre os anos com picos de cheia e de seca. Nos anos de cheia, os campos alagados e superfícies cobertas por água sofreram redução de 29%, passando de 7,2 milhões de hectares em 1988 para 5,1 Mha em 2018. Nos anos de seca, a perda foi de 66% (de 4,7 Mha em 1986 para 1,6 milhões Mha em 2021).

Os dados mostram que, independentemente da sazonalidade, todos os meses do ano apresentam tendência de diminuição da área alagada. O Pantanal está alagando em menores áreas e também por menos tempo. Nos últimos 37 anos, a superfície de água no bioma passou de 2,7 Mha, em 1985, para 500 mil hectares, em 2021.

“O Pantanal está sofrendo com múltiplos e simultâneos vetores de degradação locais, regionais, nacionais e globais”, destacou Eduardo Reis Rosa, do MapBiomas. Segundo o pesquisador, as ameaças em nível local são os incêndios, bem como a ocupação sem respeito às nascentes e áreas de proteção permanente ao longo dos rios.

“Em nível regional, temos o avanço de barragens, pequenas hidrelétricas, drenos artificiais e estradas, que estão comprometendo o fluxo das águas. Em nível nacional, vemos maior irregularidade do regime de chuvas gerado pelo desmatamento da Amazônia e o comprometimento de sua capacidade de bombear umidade para a atmosfera. Por fim, o Pantanal também sofre com o agravamento da crise climática”, explicou Eduardo.