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Desmatamento e queimadas voltam a subir na Amazônia em junho

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Desmatamento e queimadas voltam a subir na Amazônia em junho
Fogo na Comunidade São Bernardo na região da Transacreana

A Amazônia fechou o mês de junho com mais recordes de desmatamento e queimadas, é o que indicam dados do Instituto Nacional de Pesquisa Espaciais (Inpe). Enquanto o índice de incêndios foi o mais alto para o mês em 15 anos, a área sob alerta de desmatamento durante o primeiro semestre de 2022 foi a maior desde o início da série histórica, em 2015.

Nos primeiros seis meses do ano, 3.988 km2 estiveram sob alerta de desmatamento na Amazônia na Legal, segundo o sistema Deter, do Inpe, que emite sinais diários de alteração na cobertura florestal. O índice é 10,6% superior ao de 2021, que detinha o recorde até então. Trata-se do quarto ano consecutivo de alta no desmatamento para o período.

Os dados indicam que o mês de junho abrangeu a maior parte da devastação (1.120 km2), liderada por Amazonas e Pará. Os estados tiveram 401 km2 e 381 km2 sob alerta de desmatamento entre janeiro e junho, respectivamente.

Queimadas

Em outro dado alarmante, o Inpe contabilizou 2.562 focos de incêndio na Amazônia em junho. É a maior taxa para o período desde 2007 e o terceiro ano consecutivo de recorde de incêndios na floresta. A tendência de crescimento é observada desde maio, que teve 2.287 focos, o maior número para o mês desde 2004.

A maior ocorrência de incêndios nesta época do ano é atrelada ao avanço do desmatamento, que tende a subir na Amazônia nos próximos meses. É na estação seca que grileiros e fazendeiros usam o fogo para renovar pastagens ou queimar a vegetação derrubada, a fim de consolidar a ocupação.

Com o ciclo de desmate e fogo se repetindo a cada ano, a Amazônia se aproxima cada vez mais de seu ponto de ruptura, estágio no qual a degradação ambiental se tornará irreversível, bem como as consequências para o clima. Pesquisas mostram que isso pode acontecer em menos de 20 anos, se nada for feito.

Em nota, Mariana Napolitano, gerente de ciências do WWF-Brasil, afirmou que o desmatamento coloca o bioma cada vez mais perto do ponto a partir do qual a floresta não conseguirá mais se sustentar, nem prover os serviços ambientais dos quais o país depende.

“Quando perdemos floresta, colocamos em risco nosso futuro. A Amazônia é chave para a regulação das chuvas das quais dependem nossa agricultura, nosso abastecimento de água potável e a disponibilidade de hidroeletricidade”, ressaltou Napolitano.

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