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Moratória que proíbe pesca da piracatinga no Brasil acaba em junho de 2022

Moratória que proíbe pesca da piracatinga no Brasil acaba em junho de 2022
Boto-cor-de-rosa em Novo Airão

A moratória que proíbe a pesca da piracatinga no Brasil acaba em junho de 2022. O fim da proibição pode ser golpe mortal ao boto-cor-de-rosa (Inia geoffrensis). Este inteligente e dócil animal é morto para ser utilizado como isca na pesca do peixe. A ONG Sea Shepherd lançará mini documentário inédito nesta sexta-feira, às 19h, pedindo a permanência da moratória. A entidade já lançou petição, que pode ser acessada aqui.

A moratória foi decretada em 2015. A piracatinga não é procurada pela população local, nem possui valor comercial no Brasil. A demanda é proveniente, sobretudo, da Colômbia, onde apesar de ser proibido o consumo continua. Conhecido como urubu-d’água por se alimentar de restos de animais mortos, o peixe possui altas concentrações de mercúrio e outros metais tóxicos.

Estima-se que o boto-cor-de rosa poderá ser extinto em poucas décadas se a pesca da piracatinga for liberada.

Botos ameaçados

Quando a moratória foi decretada, milhares de botos já haviam sido mortos. A recuperação de suas populações é lenta em função do seu processo reprodutivo. Um boto fêmea precisa de até sete anos para atingir a maturidade sexual, enquanto os machos demoram 10 anos. Além disso, o intervalo entre nascimentos gira em torno de quatro a cinco anos.

Símbolo de diversas lendas na Amazônia, o boto-cor-de-rosa tem distribuição restrita às bacias dos rios Amazonas e Orinoco. Como predador aquático, exerce importante função de manter as populações de peixes sadias equilibradas, removendo os indivíduos doentes e consumindo as espécies mais abundantes.

Os povos da Amazônia contam que nas noites de lua cheia, próximas à comemoração da festa junina, o boto-cor-de-rosa sai do rio Amazonas e transforma-se em metade homem e metade boto.

O atraente rapaz, que usa sempre um chapéu, passeia pelas comunidades próximas ao rio encantando e seduzindo a moça mais bonita, que acaba engravidando. Depois, o homem volta para o rio e transforma-se novamente em boto.

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