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Brasileiro é premiado com “Oscar” da conservação ambiental

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Brasileiro é premiado com “Oscar” da conservação ambiental
Crédito: Divulgação/Whitley Award

O engenheiro florestal brasileiro Pablo Hoffmann foi um dos ganhadores deste ano do Whitley Award, um dos maiores prêmios ambientais do mundo. A conquista se deve ao seu trabalho à frente da Sociedade Chauá, para proteger um dos ecossistemas mais degradados e ameaçados do mundo, existente no sul do país: a Floresta com Araucária.

Restrita ao que restou da Mata Atlântica nos estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, a Floresta com Araucária conta com menos de 1% de sua vegetação primária. Embora já existam ações de restauração, a maioria não abrange a variedade e o endemismo presente no ecossistema.

Os viveiros dificilmente produzem espécies raras e ameaçadas, fazendo com que as áreas restauradas cresçam com pouca diversidade. O trabalho de Pablo e sua equipe veio para mudar essa realidade. Nos viveiros da Sociedade Chauá, há mais de 215 espécies, a maioria ameaçada de extinção.

“Nosso viveiro abrange mais de 80% das espécies arbóreas conhecidas na Floresta com Araucária e, para algumas, conseguimos encontrar novas populações, mais que dobrando o número de indivíduos conhecidos na natureza. Também temos informações cruciais sobre como cultivá-las ou plantá-las de volta à floresta”, explicou Pablo Hoffmann.

Restauração

Com o prêmio de 40.000 libras, quase 300 mil reais, o grupo mapeará populações de árvores e coletará sementes em 40 lugares. O objetivo é produzir mais de 60 mil mudas de espécies nativas para reintrodução em 20 regiões. A ação envolverá ONGs parceiras, agricultores e proprietários de terras locais.

A estimativa é capacitar mais de 1.000 pessoas por meio de seminários, oficinas e visitas técnicas ao viveiro Chauá. Além de manter a conexão das pessoas com suas terras, o trabalho é uma medida de enfrentamento às mudanças climáticas, visto que plantios de árvores sequestram até 40 vezes mais carbono do que monoculturas, como soja e milho.

Por se tratar de um ecossistema com grande biodiversidade e detentor de boa parte da história evolutiva da Terra, o alerta para a conservação é urgente. Hoje, há pequenos fragmentos da Floresta com Araucária cercados por centros urbanos, fazendas de gado e monoculturas.

“A cada espécie extinta perdemos um pouco da história natural da origem da vida, além de importantes conexões em cadeias ecológicas. Trabalhamos com espécies ameaçadas de extinção, algumas com populações muito pequenas, e provavelmente somos uma das poucas chances que essas espécies têm de sobreviver”, ressaltou Pablo.

A premiação, promovida pela organização Whitley Fund for Nature (WFN), seleciona, anualmente, os melhores projetos de conservação da Ásia, África e Américas. Além de Pablo, mais seis conservacionistas foram selecionados. Veja quais:

  • Charu Mishra, Indonésia – “Construindo capacidade global para a conservação liderada pela comunidade”.
  • Micaela Camino, Argentina – “Capacitando comunidades para defender seus direitos humanos e conservar o Chaco Seco da Argentina”.
  • Sonam Lama, Nepal – “Pessoas e pandas vermelhos: conservação mutuamente benéfica no Himalaia”.
  • Dedy Yansyah, Indonésia – “Última posição para o rinoceronte de Sumatra: olhando para os engenheiros do ecossistema de Leuser
  • Estrela Matilde, São Tomé e Príncipe – “Conter a maré da poluição plástica: um esforço em toda a ilha para salvar as tartarugas marinhas”
  • Emmanuel Amoá, Gana – “Contos da margem do rio: Salvaguardando o último reduto do crocodilo de focinho fino da África Ocidental”

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