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Três novas espécies de maracujá são descobertas no Brasil

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Três novas espécies de maracujá são descobertas no Brasil
Passiflora ita / Foto: Paulo Gonella

Com mais de 150 espécies nativas do Brasil, as plantas do gênero Passiflora são popularmente conhecidas pelo seu fruto, o maracujá. Recentemente, estudos liderados pela pesquisadora Ana Carolina Mezzonato, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), resultaram na descoberta de três novas espécies: Passiflora jorgeana, Passiflora bacabensis e Passiflora ita. Elas foram encontradas nos estados da Bahia, Mato Grosso, Minas Gerais e Espírito Santo.

A espécie baiana, Passiflora jorgeana, foi descoberta na serra de São Bartolomeu, em Barreiras, no bioma Cerrado. Passiflora bacabensis também foi encontrada no Cerrado, no Parque Municipal do Bacaba, em Nova Xavantina, Mato Grosso. Já a Passiflora ita se difere das demais por habitar áreas de Mata Atlântica no Espírito Santo e Minas Gerais.

Passiflora é considerado o maior gênero de trepadeira da região neotropical. Esse tipo de planta se desenvolve por meio do apoio físico em outros indivíduos e árvores. “As espécies de maracujá geralmente ocorrem nas florestas, sendo plantas trepadeiras que podem escalar muitos metros até o topo das árvores”, explica Ana Carolina Mezzonato.

A pesquisadora revela que as flores são mais importantes que os frutos na identificação das espécies. “Quando falamos em maracujá, logo pensamos nos frutos, mas na verdade, na delimitação, na maioria das espécies, a característica mais importante na hora de determinar e identificar são as flores. Elas geralmente são muito coloridas, tendo filamentos com algumas estruturas internas”, afirma.

Conhecendo a maracujita

Apelidada de “maracujita”, a Passiflora ita foi a décima primeira espécie do gênero encontrada nos campos rupestres da Mata Atlântica. Esses ecossistemas abrigam um alto número de espécies endêmicas, isto é, que não ocorrem em nenhum outro local no mundo. Além da grande biodiversidade, os campos rupestres possuem muitas espécies ameaçadas, como é o caso da maracujita, recém descoberta e já em risco de extinção.

“Como ela é encontrada nos afloramentos rochosos, essas regiões possuem um risco de incêndio muito grande. Além disso, existe a pressão de espécies invasoras, que crescem desordenadamente, vindo a matar muitas espécies nativas. Por fim, há muita extração de rochas ornamentais na mesma região, o que nos levou a sugerir no artigo que ela fosse colocada na lista de espécies do Brasil que estão ameaçadas”, destaca Ana Carolina.

O pesquisador Ricardo Ribeiro, que também atuou na catalogação da espécie, ressalta que, além dessas ameaças, a área de distribuição da maracujita não engloba nenhuma unidade de conservação, o que a coloca em maior risco. Segundo ele, para conservar essa e outras espécies é necessário investir em mais pesquisas e monitoramento.

A região montanhosa onde a maracujita foi encontrada deu origem ao seu nome. No tupi-guarani, “Ita” significa “pedra”. Assim como as demais espécies, a variedade encontrada na Mata Atlântica possui flores de grande potencial ornamental, mas ainda não se sabe se ela é comestível.

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