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Quase um terço das espécies de árvores correm risco de extinção

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Quase um terço das espécies de árvores correm risco de extinção

Examinando as 60 mil espécies de árvores do globo, a Botanical Gardens Conservation International (BGCI), organização que reúne jardins botânicos em mais de 100 países, revelou que 17,5 mil espécies estão em risco de extinção. O número representa cerca de 30% das variedades de árvores existentes no mundo todo.

O relatório publicado pela BGCI, intitulado “State of the World’s Trees”, mostra que há duas vezes mais espécies de árvores em perigo globalmente do que mamíferos, pássaros, anfíbios e répteis ameaçados, juntos. O trabalho, fruto de cinco anos de pesquisa, é uma das primeiras avaliações das árvores ameaçadas do mundo.

“Esse relatório deixa claro que as árvores do mundo correm perigo”, disse Gerard T. Donelly, presidente da instituição de pesquisa norte-americana The Morton Arboretum. “Ele foi desenvolvido ao longo de anos de vigorosa pesquisa e colaboração entre as principais organizações de conservação do mundo, e guiará outras ações para prevenir a extinção de árvores”, afirmou.

Dentre as espécies ameaçadas, há mais de 440 à beira da extinção, tendo menos de 50 indivíduos restantes na natureza. Entre os táxons em estado crítico estão Widdringtonia whytei – uma conífera do Malawi, na África – e Sorbus arvonensis, que possui população de apenas 30 espécimes no País de Gales. De acordo com o relatório, 142 espécies já foram extintas.

Brasil tem 1.788 espécies ameaçadas

Detentor da maior biodiversidade de árvores do mundo, o Brasil é também o lar de muitas espécies ameaçadas: das 8.847 existentes no país, 1.788 correm o risco de desaparecer. Isso significa que, a cada cinco espécies brasileiras, uma corre perigo.

Segundo o levantamento, as áreas com maiores índices de espécies ameaçadas são as regiões insulares, uma vez que possuem mais variedades endêmicas, isto é, que não ocorrem em nenhum outro local. Nesse cenário, destacam-se as ilhas de Santa Helena, no Caribe, como 69% das espécies em risco, seguidas de Madagascar, com 59%, e as Ilhas Maurício, com 57% das árvores em risco de extinção.

O relatório também apontou quais as principais ameaças globais às árvores. Em primeiro lugar, está a agricultura, que impacta 29% das espécies em risco. Em seguida, vem a extração madeireira (27%), a pecuária (14%), a urbanização (13%) e os incêndios (13%).

Como ameaças emergentes, o relatório apontou as mudanças climáticas, com o aumento do nível dos oceanos, que atinge principalmente as ilhas, e os eventos climáticos extremos. Essas novas ameaças afetam diferentes áreas do planeta, mas são mais severas nas florestas nubladas da América Central.

Por que preservar

Proteger a biodiversidade vegetal é fundamental para o planeta. “Muitas espécies ameaçadas fornecem habitat e alimento para milhões de espécies de pássaros, mamíferos, anfíbios, répteis, insetos e microrganismos. A extinção de uma única espécie de árvore poderia causar um efeito dominó, causando a perda de muitas outras espécies”, indicou o relatório.

Estima-se que 20% das espécies de árvores são usadas diretamente pela humanidade para obtenção de alimento, energia ou para usos medicinais. Mas, a importância das árvores vai muito além de seu uso direto: elas fornecem habitat para vegetais e animais, além de exercerem papel fundamental na mitigação dos gases de efeito estufa.

O relatório elenca medidas que podem atenuar as ameaças às espécies, como:

  • Aumentar a cobertura de áreas protegidas para espécies de árvores ameaçadas que não são suficientemente protegidas.
  • Garantir que todas as espécies de árvores globalmente ameaçadas, sempre que possível, sejam conservadas nos jardins botânicos e nas coleções dos bancos de sementes.
  • Aumentar a disponibilidade de financiamento governamental e corporativo para espécies de árvores ameaçadas.
  • Expandir os esquemas de plantio de árvores e garantir o plantio direcionado de espécies ameaçadas e nativas.
  • Aumentar a colaboração global para combater a extinção de árvores, participando de esforços internacionais.