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Pantanal: 17 milhões de vertebrados foram mortos pelo fogo em 2020

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Pantanal: 17 milhões de vertebrados foram mortos pelo fogo em 2020
Crédito: Juliana Arini/ WWF-Brasil

As queimadas que assolaram o Pantanal no ano passado, provocando a destruição de aproximadamente 30% do bioma, mataram pelo menos 17 milhões de animais vertebrados. A estimativa é de estudo inédito, desenvolvido por 30 pesquisadores de órgãos públicos, universidades e organizações não-governamentais, coordenado pela Embrapa Pantanal.

Os cientistas utilizaram a técnica de amostragem por distância para calcular as densidades e o número de vertebrados mortos nos 39 mil quilômetros quadrados afetados pelo fogo. Eles também percorreram grandes áreas destruídas pelos incêndios para coletar carcaças de animais e identificar os grupos mais afetados pelas chamas.

“Foi um trabalho pioneiro no mundo com o uso dessa técnica para esse tipo de estudo e conseguimos resultados bastante robustos. O que importa nesse tipo de levantamento é o número de registro de carcaças e nós conseguimos quase 400. Isso permitiu a elaboração de uma estimativa com uma margem de erro bastante pequena e os números são muito confiáveis”, explicou o líder da pesquisa, Walfrido Moraes Tomas, da Embrapa Pantanal.

Walfrido e sua equipe dividiram as carcaças mais encontradas em dois subgrupos: os vertebrados com menos de 2 kg (como pequenas cobras, anfíbios, lagartos, roedores e pássaros) e acima de 2kg, como tamanduás, queixadas, mutuns, grandes cobras, capivaras e primatas. Eles descobriram que as cobras foram as mais afetadas, principalmente as aquáticas, que sofreram com mais de 9 milhões de mortes.

Segundo a pesquisa, o índice de mortalidade foi muito alto entre os répteis, que concentraram mais de 79% do total de animais mortos, dos quais 97% eram serpentes aquáticas. As cobras foram as vítimas mais frequentes devido à baixa capacidade de locomoção, explicam os pesquisadores.

Números podem estar subestimados

Embora alarmante, o número de 17 milhões de vertebrados mortos pode estar subestimado, considerando os animais de pequeno porte que viraram cinzas e outros cujas carcaças estão em tocas e ocos de árvores, o que impede a localização. Os achados também não incluem grandes vertebrados, como onças, veados e antas, dada a baixa densidade populacional dessas espécies no bioma.

“Estimamos que morreram quase 170 mil primatas, 220 mil aves de médio e grande porte e 85 mil jacarés. Mas a densidade desses animais no bioma é variável e muitos, como serpentes e roedores, morreram embaixo da terra e não puderam ser registrados nos levantamentos. Isso indica que, para animais assim, os números foram ainda maiores do que o calculado”, destacou Walfrido.