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Pantanal e Amazônia enfrentam piores secas dos últimos 50 anos

Pantanal e Amazônia enfrentam piores secas dos últimos 50 anos

Com aproximadamente 30% de seu território consumido pelas chamas no ano passado, o Pantanal enfrenta, ao lado da Amazônia, a pior seca dos últimos 50 anos, indicou o relatório “O Estado do Clima na América Latina e Caribe”, da Organização Meteorológica Mundial (OMM). O documento mostra como as mudanças climáticas colocam em risco ecossistemas com grande biodiversidade e valiosos para a manutenção da segurança energética, hídrica e alimentar.

De acordo com a OMM, entre 2000 e 2016, quase 55 milhões de hectares de florestas desapareceram na América Latina, representando 91% das perdas florestais no mundo todo. Na bacia do rio Amazonas, que atravessa nove países e armazena 10% do carbono global, grandes desmatamentos devastaram a floresta nos últimos quatro anos, consequência de incêndios e da “limpeza” da vegetação para criação de gado.

Em 2020, foram identificados 103.161 focos de incêndio na porção brasileira da floresta, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), enquanto o Pantanal sofreu com o pior índice de queimadas na história. Um estudo anterior mostrou que o segundo bioma recebeu entre 50% e 60% menos chuva que o esperado e o nível de precipitação é um dos mais baixos já observados.

As secas, aliadas às altas temperaturas, afetaram o funcionamento hidroclimatológico do Pantanal, diminuíram os níveis dos rios e aumentaram o risco de incêndios, afetando a população e a biodiversidade local, indicou estudo liderado pelo Centro de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) e a Universidade Estadual Paulista (Unesp).

Perdas florestais contribuem com as mudanças climáticas

A OMM destaca que as perdas florestais têm contribuído diretamente com a mudança climática, devido às emissões de dióxido de carbono na atmosfera. O ano de 2020 foi o segundo mais quente na América do Sul e esteve entre os três mais quentes da América Central e do Caribe. Grandes ondas de calor afetaram a região, com muitos países sul-americanos registrando temperaturas acima de 40°C.

A organização revela ainda que entre 1998 e 2020, eventos ligados ao clima e desastres naturais causaram a morte de 312 mil pessoas e afetaram diretamente as vidas de 277 milhões de latino-americanos e caribenhos. A seca também fez baixar os níveis dos rios, reduzindo as colheitas e com isso, piorando a insegurança alimentar em várias áreas.