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20 ativistas ambientais foram mortos no Brasil em 2020

20 ativistas ambientais foram mortos no Brasil em 2020
Ari Uru-Eu-Wau-Wau foi um dos ativistas mortos no Brasil. Ele defendia o povo indígena Uru-eu-wau-wau (RO). Crédito: Reprodução/Kanindé.

O Brasil continua sendo um dos países que mais mata ativistas ambientais no mundo. No ano passado, 20 defensores da terra e do meio ambiente foram mortos em território nacional, colocando o país no quarto lugar do ranking mundial e terceiro colocado entre os países latino americanos, revelou levantamento publicado pela ONG internacional Global Witness na última segunda-feira (13).

A Colômbia liderou os homicídios mais uma vez, com 65 defensores mortos em 2020. Um terço desses ataques teve como alvo indígenas e afrodescendentes, e quase a metade foi contra pequenos agricultores. Em média, três em cada quatro ataques ocorreram nas Américas e 7 dos 10 países com mais mortes de ativistas ambientais estão na América Latina.

No mundo todo, 227 ativistas foram assassinados em 2020 por defenderem suas terras e o planeta. Esse é o número mais alto já registrado pelo segundo ano consecutivo. A taxa vem crescendo desde 2018, quando foram 164 assassinatos, seguidos de 212 em 2019. Além da Colômbia, em primeiro lugar, o Brasil só ficou atrás de México e Filipinas.

Países que mais mataram ativistas ambientais em 2020:

Colômbia: 65

México: 30

Filipinas: 29

Brasil: 20

Honduras: 17

República Democrática do Congo: 15

Guatemala: 13

Nicarágua: 12

Peru: 6

Índia: 4

O que motivou os assassinatos?

À medida que a crise climática se agrava, os incêndios florestais avançam, a seca destrói terras agrícolas e as inundações deixam milhares de mortos, a situação das comunidades da linha de frente e dos defensores da terra está piorando, indicou o relatório. Comunidades indígenas foram as mais afetadas, concentrando mais de um terço de todos os ataques fatais.

Onde os defensores foram assassinados por proteger ecossistemas específicos, a maioria (70%) estava lutando pela proteção das florestas do mundo do desmatamento e do desenvolvimento industrial, esforços vitais para conter a crise climática. Outros morreram por seu trabalho protegendo rios, áreas costeiras e oceanos.

A produção madeireira foi a indústria que mais motivou mortes de ativistas no mundo todo, com 23 ataques registrados no Brasil, Nicarágua, Peru e Filipinas. A exploração de recursos, que também inclui mineração e agronegócio, é responsável por pelo menos 30% dos ataques mapeados pela Global Witness. Os números mostram o custo humano da destruição causada por empresas e indústrias exploradoras.

No Brasil e no Peru, quase três quartos dos ataques registrados ocorreram na Amazônia. Metade dos ativistas assassinados em território brasileiro eram indígenas, quilombolas e ribeirinhos. Os defensores foram mortos por fatores como disputa de terra, combate à exploração madeireira e mineração ilegal, agronegócio, proteção da água e barragens.

“Um dia, esperamos relatar o fim da violência contra aqueles que defendem nosso planeta e suas terras, mas até que os governos levem a sério a proteção dos defensores e as empresas comecem a colocar as pessoas e o planeta antes do lucro, tanto o colapso do clima quanto as mortes continuarão”, afirmou Chris Madden, ativista sênior da Global Witness.