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Nova leva de jabutis-tinga chega ao Parque Nacional da Tijuca, no RJ

Nova leva de jabutis-tinga chega ao Parque Nacional da Tijuca, no RJ
Os jabutis-tinga são considerados "jardinheiros" das florestas. Créditos: Marcelo Rheingantz/Refauna

Mais 12 jabutis-tinga (Chelonoidis denticulatus) foram devolvidos ao Parque Nacional da Tijuca, no Rio de Janeiro, na segunda etapa de reintrodução da espécie, que ficou por mais de 200 anos desaparecida das florestas do estado devido à caça e ao desmatamento. Os novos moradores somam-se aos outros 28 jabutis reintroduzidos no ano passado pelo Projeto Refauna.

Considerados “jardineiros” das florestas, os jabutis dispersam sementes de plantas nativas e predam as invasoras. A presença desses animais é importante no controle de pragas e na diversificação das espécies da flora, de modo que sua ausência afeta diretamente a dinâmica da floresta.

A experiência com os jabutis é a primeira de reintrodução da espécie em parques brasileiros, por isso todo cuidado é pouco. A orientação passada aos visitantes é para nunca alimentar, interagir ou interferir na vida dos animais.

Soltura

A bióloga e coordenadora da reintrodução dos jabutis, Carolina Starling, relatou que os animais passaram por uma fase de aclimatação durante um ano. Os jabutis, que vieram de Centros de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) do Rio de Janeiro, Minas Gerais, São Paulo e Mato Grosso, passaram por exames de detecção de doenças, foram vermifugados e avaliados quanto aos padrões de comportamento e alimentação.

Antes de serem soltos, os cinco machos e as sete fêmeas foram equipados com radiotransmissores implantados em seus cascos para que possam ser monitorados. Alguns já avançaram 1,6 quilômetros do ponto de soltura, um indício de que estão se adaptando bem ao novo ambiente.

A ação foi realizada pela pelo Refauna em parceria com o Parque Nacional da Tijuca, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Ibama e Instituto Luisa Pinho Sartori.

De volta à Tijuca

O jabuti-tinga é o terceiro animal reintroduzido no Parque Nacional da Tijuca pelo projeto Refauna. A primeira espécie devolvida à unidade de conservação foi a cutia-vermelha (Dasyprocta leporina). Após 40 anos de extinção local, um grupo foi solto no parque em 2009. Na época, 11 indivíduos foram liberados. Hoje, existem mais de 50 dentro do parque.

Em 2015, foi a vez dos bugios (Alouatta guariba) voltarem para a Tijuca, embora o processo tenha sido paralisado em 2017 devido ao surto de febre amarela e, agora, por causa da pandemia da Covid-19. Acredita-se que o vírus possa ser letal para macacos. Os pesquisadores esperam que, em breve, mais animais sejam liberados.

Os biólogos do projeto ainda sonham com a reintrodução do mico-leão-dourado (Leontopithecus rosalia), espécie símbolo da Mata Atlântica. O animal só ocorre no bioma e corre risco de extinção. Por enquanto, exemplares do mico estão abrigados no Centro de Primatologia do Rio de Janeiro, para que, no futuro, possam voltar à Tijuca.