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Queimadas concentram-se em áreas privadas e recém-desmatadas na Amazônia, revela Inpe

Queimadas concentram-se em áreas privadas e recém-desmatadas na Amazônia, revela Inpe
Crédito: Daniel Beltra/Greenpeace

Nova análise do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), divulgada na segunda-feira (16), mostrou que 45,4% das queimadas na Amazônia, registradas entre agosto de 2019 e setembro deste ano, ocorreram em áreas recém-desmatadas. Os dados contrapõem tese sustentada pelo governo Bolsonaro, de que 90% dos incêndios ocorrem em locais com desmatamento consolidado.

As áreas recém-desmatadas são aquelas que a derrubada florestal foi recente, seguida da queima para “limpar” o terreno, a fim de consolidar a ocupação ou conversão em pastagens e plantações. O levantamento considerou como desmatamentos recentes, os ocorridos nos últimos três anos. Áreas desmatadas antes de 2018, foram consideradas consolidadas.

Além da maior parte dos incêndios iniciarem em áreas recém-desmatadas, o Inpe apontou que 64% ocorreu em imóveis registrados no Cadastro Ambiental Rural (CAR). Estima-se que apenas 40,4% dos focos ocorreram em áreas de desmatamento consolidado, já ocupadas pela agricultura e outras atividades, contrariando falas do presidente Jair Bolsonaro e seu vice, Hamilton Mourão.

Especialistas já haviam alertado para o crescimento dos incêndios e a relação com o desmatamento. Todos os anos, entre julho e outubro, madeireiros, grileiros e produtores rurais aproveitam a estação seca para renovar pastagens ou queimar a vegetação derrubada, uma combinação de fogo e desmatamento.

De acordo com o Inpe, em agosto de 2019, 53,5% dos 30.900 focos registrados na Amazônia foram em áreas recém-desmatadas, enquanto apenas 35,6% das queimadas foram identificadas em áreas com desmatamentos consolidados. Neste ano, a proporção foi semelhante: 56,3% em áreas derrubadas recentemente e 38,8% sobre locais com desmatamento mais antigo.

“Esse painel esclarece que normalmente se faz uma associação errada de que a maior parte das queimadas estão em áreas consolidadas no passado, que já estão sendo submetidas a alguma espécie de manejo, como pasto. Estamos vendo que uma grande parcela ocorre em áreas que foram recentemente desmatadas e provavelmente ainda não entraram em processo de produção”, explicou o tecnologista sênior do Inpe, Luís Eduardo Maurano.

Aproximadamente 150 mil focos foram contabilizados no último ano e analisados pela nova plataforma do Inpe, que passou a cruzar informações sobre focos de calor, desmatamento e CAR, mensalmente.