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Mudança climática acelera redução de oxigênio nos oceanos

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Mudança climática acelera redução de oxigênio nos oceanos
Crédito: Divulgação/IUCN/BBC

As mudanças climáticas e a poluição por nutrientes têm acelerado a perda de oxigênio nos oceanos, ameaçando várias espécies e o próprio ecossistema marinho. O alerta é de estudo conduzido pela União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês). Os resultados foram divulgados no ano passado durante a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP 25), ocorrida em Madri, Espanha.

Os oceanos possuem zonas mortas, locais com concentrações tão baixas de oxigênio que praticamente inviabilizam a existência de vida. Um dos principais responsáveis pelo desenvolvimento de zonas mortas é a poluição por nutrientes. Isso acontece quando substâncias contendo elementos como fósforo e nitrogênio – usados em fertilizantes agrícolas, por exemplo – são carreados pela água da chuva para os rios e desaguam no mar, provocando o crescimento excessivo de algas. Quando elas morrem, o processo de decomposição consome oxigênio, reduzindo sua disponibilidade na água.

Todo esse processo vem sendo agravado pelas mudanças climáticas, já que o aumento da temperatura da água contribui para diminuição dos níveis de oxigênio: quanto mais quente, menor a concentração do gás. De acordo com o estudo, cerca de 700 pontos estão sofrendo essa redução atualmente. Na década de 1960, esse número não passava de 45.

A redução do oxigênio favorece a proliferação de águas vivas, mas tornam o ambiente hostil para bichos maiores que se movimentam rápido, como algumas espécies de tubarão, o atum e o marlim-azul. Como são maiores, esses peixes têm maior gasto energético e, portanto, necessitam de mais oxigênio para sobreviver. Segundo os pesquisadores, o cenário atual faz com que esses animais se movimentem mais perto da superfície – onde há mais oxigênio dissolvido na água -, deixando-os mais vulneráveis à pesca.

Os cientistas estimam que, no ritmo atual de emissões de gases do efeito estufa, que agravam as mudanças climáticas, os oceanos vão perder em média de 3% a 4% de oxigênio por volta de 2100. A maior parte da perda esperada se concentra a até mil metros de profundidade, faixa que concentra maior biodiversidade. A tendência é que o quadro seja pior nas regiões tropicais, onde as águas são mais quentes.