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Condições atmosféricas favoráveis e valentia das brigadas salva Parque Serra do Rola Moça

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Condições atmosféricas favoráveis e valentia das brigadas salva Parque Serra do Rola Moça
Brigadista da Amda em combate na Serra dos Dois Irmãos / Crédito: Amda

No início da tarde do último sábado (14), fogo iniciado no bairro Jardim Canadá, no município de Nova Lima, rapidamente espalhou-se por grande área do Parque Estadual Serra do Rola Moça. A linha de fogo chegou a atingir cerca de 2 km, avançando sobre o manancial de Catarina, localizado no interior do parque, alastrando-se em direção ao condomínio Retiro das Pedras e bairro de Casa Branca, ambos em Brumadinho. Queima de lixo é a suposição mais forte para a causa do fogo. O bairro Jardim Canadá limita-se com área de vegetação natural e está bem próximo ao parque. Anualmente, impreterivelmente incêndios começam no bairro e não há aceiro protegendo o limite do parque.

Para a Amda a construção de aceiro (faixa onde se retira mecanicamente a vegetação ou se usa fogo controlado – “aceiro negro”), principalmente em limites com áreas urbanas, deveria ser prática obrigatória nas unidades de conservação. Mas há quatro anos o governo do Estado não libera recursos para aceiramento mecânico e aceiro negro, previsto na Lei Florestal mineira, e dependente de regulamentação pela Semad, esbarra há mais de três anos em resistências internas do IEF. Este tipo de aceiro já é usado há anos pelo ICMBio e até por alguns gerentes de parques estaduais, cansados de esperar a regulamentação. O custo do aceiro negro é quase insignificante frente aqueles feitos com enxadas ou tratores.

A resistência baseia-se na possibilidade do fogo sair de controle, argumento rebatido tanto pelas práticas citadas, quanto porque o aceiro negro deve ser feito no início da seca, quando a vegetação ainda retém umidade, no começo do dia e passo a passo, controlado e vigiado por brigadistas prontos para atuar se o fogo sair da linha determinada. “A possibilidade do fogo de aceiro sair fora do controle é inversamente proporcional ao descontrole de incêndios como o que atingiu o parque no sábado, pois enquanto o aceiro é ação preventiva, o segundo pode apenas ser combatido. Não entendemos tanta demora para uma ação tão simples, mas tão importante para proteção das UCs”, afirma Dalce Ricas, superintendente da Amda.

O incêndio queimou grande parte do manancial da Catarina, destruindo exuberante faixa de Mata Atlântica localizada no fundo do vale. Brigadistas da Amda conseguiram segurar uma parte do fogo e membros da Brigada 1 (voluntária) combateram até a madrugada de domingo, segurando outra linha que ameaçava espalhar-se em direção a áreas que estão sendo recuperadas com plantios e até saltar a estrada que atravessa o parque, como aconteceu em 2011, quando 80% da unidade foi queimada por incêndio que se iniciou também no Jardim Canadá. A noite de sábado para domingo foi inesperadamente fria e ao amanhecer a linha de fogo restante foi rapidamente debelada.

O frio ajudou ainda a controlar outra extensa linha de fogo na Serra dos Três Irmãos, também em Brumadinho, que caminhava em direção ao parque. Voluntários das Brigadas Carcará e Guará, de Casa Branca, debelaram o incêndio na madrugada de domingo.

Enquanto isso, há 15 dias, incêndios continuam destruindo grandes áreas de Mata Atlântica na bacia do rio Manso que alimenta barragem do mesmo nome, responsável pelo fornecimento de grande parte da água à região metropolitana de Belo Horizonte. Brigadistas da Amda, funcionários da Usiminas e ArcelorMittal e moradores tentam combater as chamas, mas o fogo é de “copa” – sobe pelo tronco das árvores e queima sua copa, num espetáculo apavorante e extremamente perigoso.

A Copasa, responsável pelo manancial Catarina, não participa do combate e não dá qualquer satisfação.