Array
Notícias

Minas Gerais retoma liderança no ranking do desmatamento da Mata Atlântica

Array
Minas Gerais retoma liderança no ranking do desmatamento da Mata Atlântica
Mata Atlântica / Crédito: Carla Costa/Amda

Entre 2017 e 2018, a derrubada de Mata Atlântica caiu 9,3% em relação ao período anterior (2016-2017), segundo o Atlas da Mata Atlântica, desenvolvido pela Fundação SOS Mata Atlântica e Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). É o menor índice desde 1985, quando o levantamento começou. Apesar da boa notícia, Minas Gerais voltou a liderar o ranking dos estados que mais desmataram o bioma, sendo responsável pela destruição de 3.379 hectares (ha).

Minas foi campeã do desmatamento na Mata Atlântica por cinco anos consecutivos. Nas últimas duas edições perdeu a liderança para a Bahia, que destruiu 4.050 ha em 2018 (16-17) e 12.288 ha em 2017 (15-16). Nos dois anos Minas ficou em segundo lugar no ranking: em 2017 foram 7.410 ha destruídos e, no ano passado, 3.128 ha. Os dados mostram o esforço da Bahia para redução da destruição do bioma, enquanto Minas segue destruindo a Mata Atlântica. Neste ano, o índice de perda aumentou 251 hectares em relação à última edição, enquanto a Bahia conteve ainda mais a destruição do bioma, ficando em quarto lugar no ranking com o desmatamento de 1.985 ha.

Dalce Ricas, superintendente da Amda, ficou surpresa com a retomada do desmatamento em Minas. “Os dados referem-se ao governo de Fernando Pimentel. Queremos esclarecimento por parte da Semad, já que segundo a pasta o desmatamento no Estado estava sob controle. Autorizar supressão de vegetação virou quase ‘segredo de Estado’ após promulgação da Lei nº 21.972/2016 no início do governo anterior. Essa situação, aliada ao fato de que o governo não tem propostas para proteger a Mata Atlântica, mostra os riscos que os fragmentos restantes do bioma no Estado correm”, afirmou.

O atlas aponta que a destruição de 11.399 ha, ou 113 km², de áreas de Mata Atlântica acima de três hectares nos 17 estados abrangidos pelo bioma entre 2017 e 2018. É a primeira vez que o desmatamento diminuiu por dois anos consecutivos. Em 2016-2017 foram 12.562 hectares (125 km²) destruídos. Apesar do resultado positivo de redução geral, cinco estados ainda mantém índices inaceitáveis de desmatamento. O Estado do Paraná assumiu o segundo lugar no ranking (2.049 ha), seguido pelo Piauí (2.100 ha), Bahia (1.985 ha) e Santa Catarina (905 ha).

Por outro lado, entre os 17 estados que o bioma abrange, nove estão no nível do desmatamento zero, com desflorestamentos abaixo de 100 hectares, ou 1 km²: Ceará (7 ha), Alagoas (8 ha), Rio Grande do Norte (13 ha), Rio de Janeiro (18 ha), Espírito Santo (19 ha), Paraíba (33 ha), Pernambuco (90 ha), São Paulo (96 ha) e Sergipe (98 ha). De acordo com o levantamento, outros três estados estão a caminho desse índice: Mato Grosso do Sul (140 ha), Rio Grande do Sul (171 ha) e Goiás (289 ha).

O Atlas da Mata Atlântica indica que restam 16,2 milhões de hectares de florestas nativas mais preservadas acima de três hectares no bioma, o equivalente a 12,4% da área original. Desses remanescentes, 80% estão em áreas privadas. Mario Mantovani, diretor de Políticas Públicas da Fundação, alerta que é preciso atenção às mudanças propostas pelo atual governo federal que podem reverter as conquistas alcançadas até aqui. “Não podemos permitir o enfraquecimento da gestão ambiental e nenhuma tentativa de flexibilização da legislação”, enfatizou.

A Mata Atlântica é uma das florestas mais ricas em diversidade de espécies e mais ameaçadas do planeta. Segundo a Fundação, o bioma abrange área de cerca de 15% do total do território do Brasil. Ele é a casa da maioria dos brasileiros: abriga cerca de 72% da população, sete das nove maiores bacias hidrográficas do país e três dos maiores centros urbanos do continente sul americano.

A Amda enviou ofício ao deputado Noraldino Júnior (PSC), presidente da Comissão de Meio Ambiente da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, solicitando realização de audiência pública. O assunto será também pauta de reunião de ONGs ambientalistas agendada para junho próximo com Germano Vieira, Secretário de Meio Ambiente do Estado.