Array
Notícias

ALMG aprova anulação do licenciamento ambiental no estado no “apagar das luzes”

Array
ALMG aprova anulação do licenciamento ambiental no estado no “apagar das luzes”

Press Release

Belo Horizonte, 18 de dezembro de 2018 – Os atacantes do licenciamento ambiental não dão trégua. No último dia 13, a Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) aprovou o PL 1454/015, de autoria do deputado Lafayette Andrada (PRB), e relatado e aprovado pelo deputado Tiago Ulisses, que, ironicamente, é do PV.

Pelo artigo 1º do PL, transcorridos, contados da data do protocolo, 120 dias para empreendimento de grande porte, e 60 dias para empreendimento de pequeno porte, sem resposta de órgãos da administração direta e indireta do Poder Executivo, poderão iniciar suas atividades e não poderão ser penalizados por isto. Para Dalce Ricas, superintendente da Amda, os parlamentares autores do PL e todos que votaram favoravelmente desprezaram regras mínimas que deveriam reger sua atuação enquanto representantes da sociedade. “Os órgãos ambientais não foram consultados; a sociedade não foi ouvida e o conteúdo do PL mostra que não houve assessoria técnica em sua elaboração, pois está errado por princípio. Aposto que muitos deputados votaram sem sequer analisar o conteúdo do PL. É uma vergonha!”, afirmou.

Dalce explica que o processo de licenciamento previsto em leis estaduais e federais tem como princípio básico a análise dos impactos ambientais decorrentes de empreendimentos econômicos e de infraestrutura, e não período temporal. O projeto praticamente concede licença a priori a qualquer atividade.

Para Lígia Vial, assessora jurídica da Amda, a proposta é absurdamente inconstitucional. “O licenciamento ambiental com a devida análise, mitigação e compensação dos impactos das atividades econômicas é fundamental para garantia ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida das presentes e futuras gerações, conforme determina a Constituição Federal de 88. Estabelecer prazos totalmente inexequíveis ao licenciamento é ferir gravemente o texto da carta magna”, disse. Ela lembra que a ALMG esqueceu até o direito da sociedade de ser ouvida em audiências públicas.

“Não temos dúvida de que o licenciamento deve ser ágil, mas sem que isso signifique prejudicar sua qualidade e, principalmente, o meio ambiente. Para isso, o governo tem de investir na criação de políticas públicas ambientais, envolvendo todas as secretarias, além, obviamente, de melhor estruturar o órgão ambiental. No entanto, os prazos estabelecidos pelo PL não poderiam ser cumpridos nem se Semad fosse o órgão ambiental mais bem estruturado do mundo. O que se pretende é concessão de licença sem análise alguma de impacto. Se este PL, totalmente inconstitucional, for sancionado, podemos desistir”, afirmou.

Pegas de surpresa, 25 entidades ambientalistas, entre elas a Amda, enviarão nesta terça-feira (18) ofício ao Governador Fernando Pimentel solicitando veto ao projeto. A organização também enviará ofício a Lafayette Andrada, eleito para a Câmara dos Deputados, criticando o PL. Tiago Ulisses não foi reeleito.