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Pesquisadores encontram plástico no organismo de mais de 100 tartarugas marinhas

Pesquisadores encontram plástico no organismo de mais de 100 tartarugas marinhas
Crédito: Organização Proteção Animal Mundial

O mundo produz mais de 300 milhões de toneladas de plástico. Apenas uma fração é reciclada e a maioria acaba nos oceanos. Atualmente, o material é uma das maiores ameaças aos animais marinhos, entre eles as tartarugas. Pesquisadores da Universidade de Exeter, do Laboratório Marinho de Plymouth e do Greenpeace encontraram plástico no organismo de mais de 100 animais.

O grupo analisou 102 exemplares de tartarugas marinhas que morreram por encalhe ou captura acidental, encontradas nos oceanos Atlântico, Pacífico e Mediterrâneo. Como apenas parte do intestino de cada animal foi analisado, estima-se que o número total de partículas com menos de 5 milímetros seja cerca de 20 vezes maior.

“Seu pequeno tamanho significa que eles podem passar pelo intestino sem causar um bloqueio, como é frequentemente relatado com fragmentos maiores de plástico. No entanto, o trabalho futuro deve se concentrar em saber se os microplásticos podem estar afetando os organismos aquáticos de forma mais sutil. Por exemplo, eles podem possivelmente conter contaminantes, bactérias ou vírus, ou podem afetar a tartaruga em nível celular ou subcelular. Isso requer mais investigação”, disse a autora principal, Emily Duncan, do Centro de Ecologia e Conservação do Campus Penryn, da Universidade de Exeter.

Penelope Lindeque, do Laboratório Marinho de Plymouth, que também participou do estudo, alertou que o microplástico está em quase todo o reino animal. “Do nosso trabalho, ao longo dos anos, encontramos microplástico em quase todas as espécies de animais marinhos que observamos; de minúsculo zooplâncton na base da teia alimentar marinha para pescar larvas, golfinhos e agora tartarugas”, lamentou.

Mais de 800 partículas sintéticas foram encontradas em todas as tartarugas avaliadas. As fibras foram as mais comuns, provenientes de fontes como roupas, pneus, filtros de cigarro e equipamentos marítimos, como cordas e redes de pesca. Estes últimos fazem parte da chamada pesca fantasma, caracterizada pela perda ou descarte nos oceanos de petrechos de pesca, como redes de emalhar e de arrasto, varas, linhas, anzóis, espinhéis, entre outros. Em um ano, 25 milhões de animais marinhos do Brasil foram impactados pela pesca fantasma. Isso significa que, por dia, pelo menos 69 mil bichos sofrem ferimentos, mutilações, ficam presos ou são mortos pelos petrechos.

Entenda os impactos da pesca fantasma à fauna marinha.

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