Array
Notícias

Fracasso do Quênia na conservação dos rinocerontes-negros

Array
Fracasso do Quênia na conservação dos rinocerontes-negros
A espécie sofre com a caça ilegal e com a perda de habitat

Há dois meses o Quênia assistiu a morte do último dos 11 rinocerontes-negros (Diceros bicornis) que participavam de projeto que pretendia fornecer local seguro e adequado à espécie, ameaçada de extinção. Uma semana após serem transferidos de suas respectivas reservas em Nairobi e Nakuru para o Parque Nacional Tsavo East, no sudeste do país, os animais morreram intoxicados devido à alta salinidade da água do local.

Segundo um dos participantes da necropsia dos rinocerontes, Benson Kibore, diretor da Associação Queniana de Veterinários, a água estava tão salgada que corroeu uma cerca de metal perto da bomba.

Nos animais, os efeitos do sal também foram devastadores. Quanto mais eles bebiam da água, mais sentiam sede, causando uma lenta desidratação, verificada pelo ressecamento da pele e espessamento do sangue.

De acordo com dados do Ministério do Turismo e Vida Selvagem do Quênia, entre 2005 e 2017 o país transportou 149 rinocerontes, registando apenas oito mortes. Portanto, o episódio não possui precedentes.

O incidente chocou instituições defensoras do meio ambiente e assolou o projeto do Serviço Queniano da Fauna (KWS), financiado em US$ 1 milhão pelo Fundo Mundial para a Natureza (WWF, na sigla em inglês).

Histórico

Antes dos animais serem realocados – entre fevereiro e maio -, foram realizados 15 testes nos aquíferos da região e, em alguns exames, foi identificado desiquilíbrio salino na água. Conforme Kibore, os resultados dos testes sequer foram comunicados aos veterinários quando os primeiros rinocerontes caíram doentes, fazendo-os perder um tempo valioso no diagnóstico.

Além disso, a transferência foi reprovada várias vezes pelo conselho de administração do KWS por causa da água e da falta de vegetação no refúgio. Em outubro de 2017, o conselho aprovou a translocação, desde que o refúgio fosse melhorado.

Apesar do tempo decorrido da confirmação da morte por envenenamento, as instituições responsáveis pelo projeto ainda se esquivam das acusações e não assumem inteiramente a responsabilidade.

A ONG Save the Rhinos estima que atualmente haja menos de 5.500 rinocerontes-negros na África, local onde está toda sua população. No Quênia, as estimativas são ainda mais baixas: cerca de 750, de acordo com a WWF.

Com informações da AFP