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Mexilhão-dourado ameaça acesso à água potável no Nordeste

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Mexilhão-dourado ameaça acesso à água potável no Nordeste
Mexilhões-dourados na usina de Sobradinho (BA) / Crédito: Cbei/ divulgação

Como se não bastasse a seca mais severa que vem se intensificando há cinco anos no Nordeste brasileiro, a região agora tem um novo complicador para acesso à água potável: o mexilhão-dourado. O molusco asiático entope tubulações e invade máquinas de usinas hidrelétricas.

Há um ano e meio, mexilhões de até 5 cm têm se espalhado pelo rio São Francisco, onde estão as usinas de Sobradinho (BA) e Luiz Gonzaga (PE).

Em Sobradinho, o molusco invadiu, entre o final de 2015 e o início deste ano, os adutores de turbinas das seis unidades geradoras de energia, provocando paradas obrigatórias de dois dias a cada três meses para limpeza.

Pesquisadores estimam que a população de mexilhão-dourado na usina esteja em 40% do máximo de 200 mil indivíduos por metro quadrado – mais do que isso, ele para de se reproduzir por falta de alimento.

Pesquisadores alertaram, no final do ano passado, que “a presença destes organismos nestes locais é grave, pois afetará a captação de água”.

Para o Centro de Bioengenharia de Espécies Invasoras de Hidrelétricas (Cbei), que estuda o molusco desde que ele chegou ao Brasil, em 1998, “é extremamente urgente que estas localidades comecem a ser monitoradas”.

Primeiros registros

O molusco começou a se espalhar por volta da década de 1960 para o Japão, Taiwan e Hong Kong. Na América Latina, o primeiro registro se deu em 1991, na foz do rio Prata, na Argentina. No Brasil, ocorreu em 1998, nas bacias do Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul. O mexilhão-dourado chegou à América do Sul em navios cargueiros vindos da Ásia, sua região de origem.

Registros brasileiros

Em 2000, o molusco afetou o abastecimento em Porto Alegre, com entupimento de tubulações que captavam água na margem esquerda do lago Guaíba. A situação só foi normalizada após dois anos.

Com presença até então restrita a bacias do Sul, Sudeste e Centro-Oeste, o mexilhão-dourado foi visto no São Francisco em 2015.

Pesquisadores acreditam que o processo de levar peixes de um rio para o outro – “peixamento” – contribuiu para deslocar o molusco para o São Francisco – as larvas, invisíveis a olho nu, podem estar na mesma água.

Mexilhão-dourado

O mexilhão-dourado (Limnoperna fortunei) é uma espécie aquática de molusco que compete por espaço e nutrientes com outros organismos nativos.

Ele pode pedir até 5 cm, mas com 0,5 cm já é capaz de se reproduzir, atingindo populações de até 200 mil mexilhões por m². Em um ano, eles podem se dispersar por um raio de até 240 km.

Com informações da Folha de São Paulo