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Com desmatamento na Amazônia, agronegócio pode perder R$ 5,7 bilhões por ano

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Com desmatamento na Amazônia, agronegócio pode perder R$ 5,7 bilhões por ano

Em abril deste ano, 778 quilômetros quadrados de desmatamento foram detectados na Amazônia pelo Instituto Imazon. É o maior número para o mês em 10 anos. A destruição reflete diretamente na escassez de chuvas e na perda de biodiversidade, que já geram prejuízos econômicos ao agronegócio brasileiro, indicou um estudo publicado na revista Nature Communications.

O artigo é de autoria de pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Universidade Federal de Viçosa (UFV) e Universidade de Bonn, na Alemanha. De acordo com a pesquisa, à medida que a perda florestal se acumula, os impactos nos padrões de chuva afetam criticamente a agricultura, especialmente no sul da Amazônia brasileira, onde as perdas florestais já chegam a 30%.

A região concentra a maior parte das terras cultiváveis e de pastagens do bioma no Brasil. Trata-se de uma área de 1,9 milhão de quilômetros quadrados, que abrange o Acre, Rondônia, Mato Grosso, Amazonas, Pará e Tocantins. Historicamente, a localidade foi uma das que mais sofreu com a expansão agrícola e madeireira, e, ainda hoje, apresenta altos índices de desmatamento.

O estudo sugere que, nos níveis atuais de destruição, o agronegócio pode ter um prejuízo de até US$ 1 bilhão (R$ 5,7 bilhões) por ano e o sul da Amazônia brasileira pode perder 56% da vegetação até 2050. Para chegar aos resultados, os pesquisadores calcularam os limites críticos de perda florestal, isto é, o ponto em que o desmatamento anula a produtividade agrícola em decorrência da diminuição das chuvas.

Os cálculos foram feitos por meio do cruzamento de dados de precipitação e desmatamento de 1999 a 2019. Os pesquisadores também estimaram, via modelagem matemática, as perdas econômicas que o agronegócio terá caso persista a diminuição das chuvas na região.

Embora os danos sejam inevitáveis, os especialistas explicam que há como reduzi-los com políticas efetivas de combate ao desmatamento. “Antecipar os impactos do desmatamento sobre os serviços ecossistêmicos da região, especialmente a regulação de chuvas para a agricultura, é fundamental para convencer os formuladores de políticas e outras partes interessadas a agir antes que seja tarde demais”, destacaram.

Com as políticas ambientais atuais, as perdas na produção de soja até 2050 podem ser de R$ 32,2 bilhões (US$ 5,6 bilhões), e de US$ 180,8 bilhões (R$ 1,03 trilhão) para a carne bovina. Já com medidas efetivas de combate ao desmatamento na Amazônia nas próximas décadas, a diminuição das perdas seria de R$ 111,15 bilhões (US$ 19,5 bilhões).

“Reconhecer esses riscos pode ajudar a levar o Brasil de volta a um curso que alia de forma sustentável a produção agrícola e a preservação do meio ambiente. O agronegócio brasileiro e seus parceiros globais estão testando os limites da natureza ao se expandir para as florestas naturais, sob o risco de reduzir as chuvas que sustentam sua produtividade”, concluiu o levantamento.