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Três primatas brasileiros estão entre os 25 mais ameaçados do mundo

Três primatas brasileiros estão entre os 25 mais ameaçados do mundo
Entre os bugios brasileiros

Detentor da maior diversidade de primatas do planeta, o Brasil é o lar de espécies únicas e emblemáticas. Três delas – sagui-da-serra-escuro, sauim-de-coleira e bugio-marrom – correm grande perigo e podem desaparecer se nada for feito. Junto de outras 22 espécies, elas integram a lista dos 25 primatas mais ameaçados do mundo.

Desenvolvido pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) Sociedade Internacional de Primatologia e Conservação Internacional, o levantamento “Primatas em Perigo” aponta as ameaças enfrentadas pelos macacos, orangotangos e lêmures com os níveis mais críticos de declínio populacional.

Dentre as espécies que integram a lista, há 12 africanas, sete asiáticas e seis latino-americanas, incluindo as brasileiras:

Saium-de-coleira (Saguinus bicolor)

O saium é um dos mamíferos mais ameaçados do bioma amazônico, ecossistema que abriga 70 espécies e subespécies de primatas diferentes. É endêmico do Brasil, ocorrendo no estado do Amazonas, onde é residente e nativo.

Apresenta distribuição geográfica restrita aos municípios de Manaus, Rio Preto da Eva e Itacoatiara, cobrindo cerca de 7.500 km². Habita florestas primárias, secundárias (capoeira), campinas e campinaranas. A espécie também pode viver em áreas antropizadas como pomares e plantações.

Estima-se uma redução de pelo menos 80% da população deste animal desde 1997, devido à perda de habitat e competição com outra espécie: o sagui-de-mãos-douradas. Outras ameaças também contribuem para a vulnerabilidade do saium, como incêndios, assentamentos rurais, predação por cães, tráfico ilegal, atropelamentos e eletrocussão na rede de energia urbana.

O nome científico bicolor refere-se às cores de sua pelagem, que são basicamente branco e marrom-alaranjado. A cabeça e a face não possuem pelos. Outra característica peculiar é que, com exceção do dedo polegar, suas unhas são como garras bem afiadas, apropriadas para escalar árvores.

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Bugio-marrom (Alouatta guariba)

Os bugios, conhecidos popularmente como guaribas, barbudos e roncadores, são primatas da família Alouatta que possuem a maior distribuição geográfica da região neotropical, ocorrendo desde o México até a Argentina. Uma característica marcante do grupo é a cor intensa da pelagem, que varia entre o marrom e o ruivo.

Esses primatas têm em comum uma série de atributos, com destaque para a cauda preênsil com palma – capaz de suportar o peso do próprio corpo – e a dentição adaptada para dietas ricas em vegetais. Comem principalmente frutos e folhas, incluindo também flores, caules, cascas e líquens em sua alimentação.

Entre os bugios brasileiros, o marrom é o mais ameaçado, devido à severa fragmentação de seu habitat. O bioma onde vive concentra cerca de 70% da população brasileira e as principais capitais do país, por isso é diretamente impactado pela urbanização e as atividades industriais.

Além disso, muitos bugios foram perseguidos, feridos e mortos durante os surtos de febre amarela, devido ao entendimento equivocado de que macacos transmitem a doença para humanos. Estima-se que a população do animal, que só ocorre na Mata Atlântica no Leste do Brasil e Nordeste da Argentina, não ultrapasse 50 indivíduos maduros.

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Sagui-da-serra-escuro (Callithrix aurita)

Restrito à Mata Atlântica do sudeste do Brasil, com distribuição concentrada na Serra do Mar e entorno, o sagui-da-serra-escuro enfrenta uma redução populacional de pelo menos 50% em um intervalo de 18 anos. As causas são a perda e fragmentação dos ambientes onde vive e, principalmente, a competição e hibridação com espécies invasoras.

Também sofre com outras ameaças, como expansão urbana, agropecuária, especulação imobiliária, grandes obras e empreendimentos, atropelamento e incêndios florestais. Estima-se que a população do animal não ultrapasse os mil indivíduos.

Esse sagui habita áreas com abundância de bambus, e pode ocorrer em uma ampla variação altitudinal, de 80 a 1.350 m acima do nível do mar. Forma pequenos grupos em vida livre, composto de quatro a seis indivíduos. Alimenta-se principalmente de frutos, insetos e folhas.