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Produção de lixo eletrônico pode quase triplicar até 2050

Produção de lixo eletrônico pode quase triplicar até 2050

A vida útil de celulares, tablets, televisores e demais produtos eletrônicos está cada vez mais curta. Isto porque os fabricantes têm criado aparelhos que apresentam mau funcionamento e tornam-se ultrapassados em poucos anos de uso, em uma estratégia conhecida como obsolência programada. Além de fomentar o consumo, o processo aumenta o volume de resíduos eletrônicos em aterros e lixões, colocando em risco o meio ambiente e a saúde humana.

Pela alta concentração de substâncias tóxicas, como mercúrio, chumbo e cádmio, os eletrônicos configuram grande ameaça ao solo, lençol freático, pessoas e animais. Sua produção também contribui diretamente com o aquecimento global. Em média, fabricar uma tonelada de laptops emite 10 toneladas de CO2. Até 2040, as emissões de carbono da produção e uso de eletrônicos compreenderão 14% de todas as emissões globais.

Seguindo a tendência atual, estima-se que até 2050 serão produzidas 120 milhões de toneladas de resíduos eletrônicos por ano. Os dados são do relatório da Plataforma para Aceleração da Economia Circular (Pace) e da Coalizão das Nações Unidas sobre Lixo Eletrônico. Segundo os especialistas, a quantidade de itens descartados cresceu assustadoramente nos últimos anos.

Apenas em 2017 foram produzidas mais de 44 milhões de toneladas de lixo eletrônico e elétrico. A quantidade equivale ao peso de todos os aviões comerciais já fabricados até hoje. Em 2018, o volume alcançou 50 milhões de toneladas. É como se cada habitante descartasse mais de seis quilos de resíduo eletrônico por ano.

Estados Unidos e Europa lideram a geração de lixo, compreendendo quase 50% de todos os Resíduos de Equipamentos Eletro-Eletrônicos (REEE). Logo atrás estão Austrália, China, Japão, República da Coréia e países norte americanos. Só nos EUA e Canadá, cada pessoa produz cerca de 20 quilos de lixo eletrônico por ano, enquanto na União Europeia o número fica em torno de 17 kg.

A maior parte do fluxo descartado é composta por computadores, monitores, smartphones, tablets, TVs, eletrodomésticos e aparelhos de aquecimento/refrigeração. É difícil avaliar quantos produtos elétricos são produzidos anualmente, mas apenas os conectados à internet já superaram o número de humanos presentes no planeta. A projeção para 2020 é que hajam entre 25 e 50 bilhões de aparelhos.

Componente essencial para grande parcela de REEE, as baterias de lítio utilizadas hoje podem gerar até 11 milhões de toneladas de lixo até 2030. Os dados são alarmantes, visto que menos de 20% de todo lixo eletrônico é formalmente reciclado. Mesmo na União Europeia, que lidera a reciclagem do setor, apenas 35% dos resíduos são oficialmente declarados como coletados e reciclados adequadamente.

Ademais, muitos países não possuem legislação que abrange a produção de lixo eletrônico, o que agrava a situação. Aproximadamente um terço da população não precisa obedecer nenhuma lei sobre geração ou destinação de REEE. Em muitas regiões da África, América e Sudeste Asiático, por exemplo, o lixo eletrônico nem sempre está no topo da agenda política e mesmo com a existência de leis, elas não são efetivamente aplicadas.

Eletrônicos

São classificados como lixo eletrônico quaisquer produtos com cabo elétrico ou bateria – desde escovas rotativas até geladeiras – que chegaram ao fim de sua vida útil. Sua reciclagem é benéfica do ponto de vista ambiental e financeiro, considerando a grande concentração de metais preciosos (ouro, cobre, níquel etc) e materiais raros em sua composição, como índio e paládio. A maior parte desses elementos pode ser recuperada e reutilizada como matéria-prima secundária para novos bens, sem a necessidade de extrair mais da natureza.

O lixo eletrônico não é biodegradável e sua reciclagem é complexa devido à produção de dispositivos cada vez menores e mais tecnológicos. Há também pouco conhecimento sobre o descarte correto destes materiais. De acordo com os pesquisadores, a falta de consciência sobre como reciclar significa que há vastas parcelas de eletrônicos em gavetas, garagens, quartos e escritórios esperando para serem tratados.

Alternativas

Diante do cenário, os autores do estudo pedem uma inspeção do sistema atual de eletrônicos. Ainda enfatizam a necessidade de uma economia circular, na qual os recursos não sejam extraídos, usados e descartados, mas avaliados e reutilizados de maneira que minimize impactos ambientais.

Dentre as soluções está o design de produtos mais duráveis; sistemas de compra e retorno de eletrônicos usados; extração de metais e minérios do lixo eletrônico; e criação de modelos de empréstimo e aluguel de produtos, promovendo um uso coletivo de materiais.