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Espécie da vez

Pangolim: o mamífero mais traficado no mundo

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Pangolim: o mamífero mais traficado no mundo
Pangolim é o único mamífero com escamas / Crédito: Google imagens

Quase completamente coberto por escamas, dispostas umas sobre as outras como telhas num telhado, esta é a maior defesa do pangolim. Eles seriam presa fácil se sua armadura não fosse bastante resistente para protegê-los. Como o tatu-bola e o ouriço, o pangolim pode enrolar-se totalmente. Ele é o único mamífero coberto de escamas.

Com coloração variada, que vai do amarelo ao marrom, os pangolins possuem peso máximo de 33 kg. Os machos normalmente são mais pesados que as fêmeas. Gentis e solitários, os pangolins são nadadores e corredores ágeis. Sua grande cauda auxilia na busca de alimentos, se segurando aos ramos de árvores ou para alcançar as profundezas dos formigueiros.

Suas garras grandes e alongadas permitem que eles procurem abrigo debaixo da terra e escavem ninhos de formigas em busca de comida, para mistura e aeração do solo. Isto melhora a qualidade de nutrientes do solo e auxilia o ciclo de decomposição, proporcionando um substrato saudável a partir do qual a vegetação pode crescer.

O pangolim é um animal sossegado: dorme numa toca profunda durante o dia e se alimenta à noite. Ele come 7 milhões de formigas e cupins em um ano usando sua língua viscosa, que chega a ser maior do que seu próprio corpo. Sem dentes, o pangolim armazena pedras em seu estômago que lhe ajudam a moer a comida.

Reprodução

A maturidade sexual é atingida por volta dos dois anos de idade. A fêmea normalmente gera apenas um filhote, o qual a mãe protege em tocas de nidificação. Os pangolins jovens apresentam tamanho reduzido e escamas suaves, que começam a endurecer por volta do segundo dia de vida.

Depois de aproximadamente um mês, o bebê pangolim inicia sua alimentação com insetos. No início, a busca por alimentos é feita acompanhada da mãe. O animal fica agarrado na base da cauda da fêmea. Para protegê-los, os pais se enrolam em volta do filhote.

Espécies

Existem sete espécies desse mamífero, quatro na África e três na Ásia, todas semelhantes em aparência e hábitos. O pangolim-de-cauda-comprida é essencialmente arborícola e vive nas planícies do sul e leste da África. O pangolim-de-cauda-curta, também chamado de pangolim-indiano, vive em pares na Índia e Sri Lanka.

Extinção

Os pangolins são considerados os mamíferos mais traficados do mundo. Por ano, cerca de 100 mil animais são retirados ilegalmente de seu habitat e contrabandeados para China e Vietnã. Nesses dois países, a carne desses animais é considerada uma iguaria e as escamas são conhecidas por terem propriedades medicinais.

Reportagem da BBC de 2015 relata uma visita à cidade de Hanói, no Vietnã. Em quatro farmácias do bairro mais movimentado da cidade, produtos de escama de pangolim eram vendidos como cura para tudo, de câncer à acne, passando por deficiência de leite materno.

Segundo a matéria, um quilo do produto custava US$ 1,5 mil, equivalente a R$ 4,2 mil. O repórter perguntou por que era tão caro e uma mulher respondeu sem nenhum pudor: “Porque eles são raros e ilegais”.

Com a mesma facilidade, restaurantes também vendem pangolins para comer por US$ 250 o quilo – equivalente a R$ 687. Segundo relato da matéria, o dono de um dos restaurantes explicou que um animal vivo poderia ser levado para a mesa, onde a garganta dele seria cortada e o sangue seria servido como um afrodisíaco.

Em agosto deste ano, autoridades indonésias apreenderam 657 pangolins congelados escondidos. A descoberta aconteceu quando a polícia revistava uma casa no distrito de Jombang, na ilha de Java, depois que as forças de segurança foram alertadas pelos habitantes, preocupados com o número de congeladores que havia na casa.