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Corredores Ecológicos entre a APE do Rio Manso e o Parque Estadual da Serra do Rola Moça – Serra dos Três Irmãos e Itatiaiuçu

Corredores Ecológicos entre a APE do Rio Manso e o Parque Estadual da Serra do Rola Moça – Serra dos Três Irmãos e Itatiaiuçu

O projeto visa a implantação de mosaico de unidades de conservação (UCs) e malha de corredores ecológicos interligando duas das maiores e mais importantes áreas naturais da Região Metropolitana de Belo Horizonte: a Área de Proteção Especial (APE) do Rio Manso, que protege a segunda maior fonte de suprimento de água da RMBH, e o Parque Estadual da Serra do Rola Moça.

A APE Rio Manso, criada pelo Decreto Estadual 27.928, de 15 de março de 1988, protege extensão de 67 mil hectares, abrangendo os municípios de Brumadinho, Rio Manso, Itatiaiuçu, Bonfim e Crucilândia. Responde por 25% do suprimento de água da RMBH, apenas inferior ao Sistema de Captação de Bela Fama, no rio das Velhas.

O Parque Estadual da Serra do Rola Moça, criado pelo Decreto 36.071, de 27 de setembro de 1994, protege área de aproximadamente 4 mil hectares, envolvendo os municípios de Belo Horizonte, Brumadinho, Ibirité e Nova Lima. Em sua área estão localizados cinco mananciais de água, também utilizados no abastecimento da RMBH.

As duas unidades de conservação estão localizadas ao longo do alinhamento das serras dos Três Irmãos e Itatiaiuçu, que corta o setor Sudoeste da região metropolitana da capital mineira em seu eixo leste-oeste. Distam uma da outra, em linha reta, aproximadamente 5 km. Na faixa de interligação entre as duas áreas existem ainda importantes remanescentes de vegetação nativa, compreendendo formações de Floresta Estacional Semidecidual, Cerrado e Campos de Altitude, sendo que nessa última classificação estão presentes manifestações de campos ferruginosos, quartzíticos e graminosos, de grande diversidade biológica.

A despeito da importância ecológica das áreas naturais distribuídas ao longo das serras dos Três Irmãos e Itatiaiucú, entre as duas unidades de conservação, atividades relacionadas à expansão urbana, mineração, agricultura, carvoejamento e pecuária extensiva, desenvolvidas de forma não sustentável, ameaçam esses ambientes, colocando em risco a possibilidade de manutenção de suas funções de corredor de conectividade e de proteção de expressivos mananciais de água. Esse processo de uso e ocupação do solo, sem os cuidados necessários para a proteção dos remanescentes existentes, levará, com certeza, ao “ilhamento” biológico das duas UCs, com consequências perversas à proteção da biodiversidade das mesmas.

Através da identificação, mapeamento e entendimentos com proprietários rurais dessa área de interesse com empresas detentoras de direitos minerários e, quando for o caso, com o poder público, deverá ser proposta criação e implantação de mosaico de áreas de conservação, assim como mecanismos legais para sua proteção, envolvendo, inclusive, planejamento da infraestrutura básica necessária.

A concretização desta proposta poderá acrescentar às áreas do Parque Estadual e da APE citadas superfície de aproximadamente 50 mil hectares protegidos, tornando o Sistema de Áreas Protegidas (SAP) proposto um dos mais expressivos projetos de conservação de paisagens naturais nas regiões metropolitanas brasileiras.

Além da importância da área a ser abrangida pelo projeto quanto aos aspectos relacionados à biodiversidade, destacam-se ainda a relevância das ações propostas para proteção de inúmeros mananciais de água utilizados no abastecimento público dos municípios envolvidos e em atividades hortifrutigranjeiras. Extensas áreas do sopé das serras dos Três Irmãos e do Itatiaiuçú são utilizadas intensivamente para essa atividade, constituindo atualmente o maior centro de produção de hortaliças da RMBH.