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Alternativas sustentáveis para o déficit hídrico

Alternativas sustentáveis para o déficit hídrico
Caixa coletora de água do deserto/Crédito: Stephen McNally - UC Berkeley

O longo período de estiagem que atinge diversos países do mundo, incluindo o Brasil, e expõe cidades ao risco de racionamento abre espaço para novos projetos sustentáveis de captação de água.

O cientista americano e professor de química da Universidade da Califórnia, Omar Yaghi, criou uma caixa capaz de extrair água do ar desértico, movida à energia solar. A caixa tem como base um material com alta capacidade de absorção tanto de água, quanto de CO², por isso também é capaz de armazenar gases provenientes da atmosfera. Ela é formando por estruturas denominadas metalorgânicas, em inglês: Metal Organic Frameworks (MOF).

Por fora, o aparato é feito de plástico e possui uma tampa, que fica aberta durante a noite para captar umidade. Dentro dela há outro recipiente que possui estruturas metalorgânicas, responsáveis por absorver as moléculas de água durante o período noturno.

Durante o dia a tampa fica fechada e, com o calor do sol, o aparelho se aquece e funciona como uma espécie de estufa, liberando as moléculas de água condensadas no recipiente de dentro. É importante destacar que para realizar esse processo, a máquina não demanda altas cargas de energia, diferentemente das caixas coletoras existentes, feitas de argila.

A máquina pode armazenar cerca de 200 ml de água, pronta para consumo, por kg de MOF em um ciclo de captação. Em breve, o cientista pretende testar uma nova caixa, desta vez constituída de um MOF à base de alumínio, cerca de 150 vezes mais barato e capaz de captar o dobro de água que o zircônio, metal utilizado na primeira versão.

Segundo Yaghi, há várias startups atuando no desenvolvimento de versões comerciais da coletora, o que tudo indica que ela estará disponível em breve no mercado.

Mochila coletora

Na mesma vertente, o engenheiro mecânico e professor da Universidade de Akron, nos Estados Unidos, Shing-Chung Josh Wong, divulgou projeto de criação de uma coletora em forma de mochila. Em cerca de uma hora, a engenhoca poderia coletar 40 litros de água limpa e potável até em ambientes áridos.

As fibras do produto oferecem uma relação superfície-volume incrivelmente alta, muito maior do que as fornecidas pelos destiladores de água que existem no mercado. Elas ainda são capazes de atrair partículas de água e proporcionar um baixo consumo de energia. De acordo com Wong, é a primeira vez que uma coletora portátil de água será projetada e fabricada por membranas de polímero de eletroforese, com uma abordagem bioinspirada.

O cientista explicou que a influência partiu de um inseto, o besouro-nevoeiro. Nativo do deserto da Namíbia, o animal sobrevive ao clima seco graças à sua habilidade de absorver partículas de água do ar por meio de sua carapaça. Para o cientista, com a nanotecnologia – técnica empregada na mochila – é possível desenvolver novos métodos de obtenção de água doce que não se restrinjam à dessalinização e ao tratamento de água de esgoto.

Ainda no papel, o projeto carece de investimento para prosseguir. A quantia necessária para criação do produto ainda não foi divulgada, mas o pesquisador afirma que, se produzida em larga escala, a mochila pode ter um preço acessível.