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Descubra quais plantas do seu quintal são comestíveis

Descubra quais plantas do seu quintal são comestíveis
A capuchinha está dentre as flores comestíveis mais saborosas. / Crédito: Valeria Farhat Flickr
Estima-se que existam mais de 10 mil plantas comestíveis entre verduras, hortaliças, frutas, castanhas e cereais, mas a minoria é consumida pela população. Isso por que são, frequentemente, tidas como intrusas em quintas ou são utilizadas apenas na ornamentação, desconsiderando seu potencial alimentício. O fato de não serem encontradas em feiras e supermercados também faz com sejam vistas como impróprias para o consumo.

Essas espécies são chamadas de plantas alimentícias não convencionais (Pancs) e também são encontradas em zonas urbanas, como o ipê e a capuchinha. Mas é preciso ter cautela, afinal elas têm peculiaridades e preparos específicos.

Uma alternativa para remover toxinas mantendo a cor e a textura dos vegetais é a realização do branqueamento. Para fazê-lo basta ferver a água, deixar as plantas cozinharem por poucos minutos e imediatamente passá-las na água fria.
No caso das flores, devem ser evitadas aquelas comercializadas em floriculturas. Como são destinadas exclusivamente à ornamentação, podem receber substâncias nocivas ao organismo que não são removidas com a lavagem. Plantas que estiverem próximas a grandes zonas industriais também devem ser evitadas.
Em caso de dúvidas na identificação, não consuma antes de consultar um especialista ou procurar o herbáreo de sua cidade.
Para facilitar o reconhecimento, o Instituto Kairos elencou uma lista das variedades que são pouco conhecidas no Brasil:
Ora-pro-nobis (Pereskia aculeata)

Famosa em Minas Gerais, a espécie é bastante utilizada para substituir carnes devido ao seu alto teor de proteínas e fibras. É usada em feijões, polentas e no recheio de massas e salgados. Seus frutos também são comestíveis. Dica: para não soltar “baba”, a planta não deve ser picada.

Almeirão-roxo (Lactuca indica)
Suas folhas podem ser consumidas cruas ou refogadas em salgados, pizzas, tortas e pães. Recomenda-se picar bem fininho, como a couve. De sabor levemente amargo, a variedade é de fácil cultivo.
Azedinha (Rumex acetosella)
Naturalmente ácida, é bem-vinda em saladas, doces, capirinhas, sucos e geleias. Há duas variedades: graúda e pequena. Deve ser evitada por quem é intolerante à carambola e consumida com moderação em sucos verdes.
Lirio-Amarelo (Hemerocallys spp.)
Para consumir as flores da espécie é preciso ser ágil, já que desabrocham pela manhã e murcham à noite. Os botões têm sabor que lembra o alho e podem ser usados como ingrediente ou tempero. As flores são perfumadas e podem ser servidas cruas ou cozidas. Os rizomas são crocantes e, quando cozidos, lembram o milho verde. Dica: apesar do nome, a espécie não faz parte da família dos lírios, por isso não deve ser confundida com os lírios ornamentais, vendidos em floriculturas.
Lirio-do-brejo (Hedychium coronarium)
Seus rizomas – parentes do gengibre – são aromáticos e utilizados para perfumar bebidas como quentão e licores. As flores, macias e delicadas, são usadas como decoração comestível. Dica: evite a porção rosada das raízes, pois possui sabor desagradável.
Grumixama (Eugenia brasiliensis)

Conhecida como cereja brasileira, a espécie possui frutos amarelos ou negros que podem ser consumidos in natura ou transformados em polpa para sucos e geleias. Dica: as sementes podem ser separadas da polpa utilizando uma peneira metálica.

Capuchinha (Tropaeolum majus)

Além das flores coloridas, também são comestíveis as folhas e sementes. Seu sabor é picante, similar ao da rúcula e do agrião. De fácil cultivo, pode ser aproveitada em molhos, saladas e omeletes.

Cará-moela (Dioscorea bulbifera)

Com a mesma textura do cará, a espécie possui variedades amarelas, verdes e roxas, sendo levemente adocicada. Pode ser uma alternativa para substituir batatas em purês, cremes e até mesmo em chips.

Palma (Nopalea cochenillifera)

A espécie é um cacto comestível parecida com o chuchu e rica em vitamina C, cálcio e magnésio. Batida com limão e capim santo, dá um suco verde cremoso e refrescante. Dica: como seus brotos devem ser descascados e ter os espinhos retirados, aqueça a planta no fogo para facilitar a retirada.

Caruru (Amaranthus)

A variedade, que possui sabor idêntico ao espinafre, nasce espontaneamente no solo e é muito utilizada por populações rurais. Rica em ferro, magnésio, proteínas e fibras, deve ser branqueada antes do consumo. Pode ser cozida junto ao feijão ou acompanhar carnes e angus.

Folha de batata-doce (Ipomoea batatas)

Poucos sabem, mas a folha da batata doce também pode ser consumida. Seu uso na culinária é semelhante ao da couve e do espinafre, podendo ser utilizada em tortas, molhos ou como acompanhamento. Dica: seu cozimento deve ser rápido para garantir folhas saborosas com textura agradável.

Picão (Bidens alba)

Famosa na medicina popular, as folhas da planta podem ser utilizadas como verdura desde que cozidas. Destaca-se seu alto teor de ferro, zinco, cobre e potencial antioxidante. Dica: experimente fazer o arroz de picão.

Serralha (Sonchus oleraceus)

É consumida refogada em alho, além de acompanhar feijão, polenta, angu e cozidos. Não deve ser confundida com a emília, serralhinha ou pincel-de-estudante – de flores vermelhas -, cujos usos na alimentação não são recomendados cientificamente. Dica: para suavizar seu amargor, deixe-a de molho em água fria.

Ipê- branco (Tabebuia roseoalba), ipê-amarelo (Handroanthus chrysotrichus), ipê roxo (Handroanthus impetiginosus) e ipê-rosa (Handroanthus heptaphyllus)

Com perfume adocicado e leve amargor – similar ao da alface e almeirão – as flores do ipê podem ser servidas cruas em saladas, refogadas e até empanadas, acompanhando carnes, legumes, entre outros alimentos.